domingo, 16 de novembro de 2014

A guerreira do beach tennis, Flavia Muniz



Flavia Muniz/ Foto: Angelica Goudinho

 

Conheça a emocionante história de superação desta beachtenista brasileira, top 5 do mundo.


Com mais de 15 títulos internacionais de beach tennis, a carioca Flavia Muniz, de 36 anos, atualmente é a 5ª melhor jogadora do mundo da modalidade e 2ª do Brasil. Ela começou a jogar em 2008, quando o esporte chegou ao Rio de Janeiro e foi apresentado para alguns tenistas por Adão Chagas e Leopoldo Correa.

E Flavia jogava muito bem tênis. Tão bem que em 1997 conseguiu uma bolsa de estudos para fazer uma universidade nos Estados Unidos. Mas, infelizmente, um acidente fez com que ela perdesse esta grande oportunidade. Porém, esta não foi a única adversidade que Flavia precisou superar. Ela ainda teve a quadra em que dava aulas de tênis destruída, com as fortes chuvas de 2010, que abalaram o Rio de Janeiro. 

Mas, assim como é conhecida por sua garra em quadra, Flavia não se deixou abalar e deu a volta por cima. Nesta época, começou a dar aulas de beach tennis e a jogar cada vez melhor. 

E para comprovar a boa fase, em 2013, foi a quarta melhor beachtenista do mundo, a melhor marca de sua carreira. Neste mesmo ano também venceu o tradicional torneio de Aruba pela segunda vez (a primeira foi em 2010, com Paula Cortez). E Flavia não parou mais. Atualmente, dedica todo o seu tempo a esta nova modalidade, com os treinos no Point do Ipanema 500 e ministrando aulas no Posto 12, no Leblon.



Confira em detalhes na entrevista abaixo sua fantástica história de superação e sua vitoriosa trajetória no beach tennis. Além disso, Flavia ainda fala sobre o torneio de Aruba, que acontece entre os dias 21 a 23 de novembro, na paradisíaca ilha caribenha, em que joga ao lado da compatriota, Joana Cortez, top 4 do mundo.


Como está sua preparação para Aruba?
Estou treinando bastante, mas continuo dando aulas. Mesmo ficando um pouco cansada, estou muito focada este ano para ganhar e quero ir muito bem neste torneio. Lá vou jogar as categorias de Simples, Duplas Mistas com Vinícius Chaparro, Copa das Nações e Duplas, ao lado de Joana Cortez. Essa é a primeira vez que jogamos um torneio da ITF juntas, ganhamos o Pan-Americano este ano, então acredito que faremos uma boa parceria.

Joana Cortez e Flavia Muniz durante o Pan-Americano deste ano


Como funciona sua rotina de treinamentos?
Eu treino três vezes por semana de manhã na quadra, faço pilates uma vez por semana e quatro vezes, corrida. Meu treinador é o Hugo Prazeres, tenho patrocínio da Ipanema 500, Rakkettone e apoio da Mettaphysio.

Você tem alguma parceria fixa?
Por enquanto não tenho parceira fixa. Tenho jogado alguns torneios com a Julia Florito (42ª da ITF), que é a jogadora que estou formando no Brasil, inclusive até ganhamos o torneio ITF G2 de Guarulhos, em outubro deste ano. Mas, costumo variar as parceiras, ainda não tenho nada acertado em relação a uma parceria mais fixa.

O que você acha das premiações dos torneios profissionais da ITF de beach tennis?
Acho que precisam aumentar, normalmente um campeão de um ITF G1 ganha US$ 750 num torneio que distribui US$ 10 mil em prêmios. Mas, em Aruba, já está aumentando. O ano passado o torneio foi de US$ 20 mil, mas este ano será de US$ 30 mil, então o campeão levará pra casa cerca de US$ 2250.

Você foi jogadora de tênis. E você teve uma história de superação nessa fase. Conta pra gente como foi.
Desde quando eu tinha 6 anos de idade, o tênis sempre foi a minha vida. Eu joguei até 1997, quando fui para os EUA treinar e acabei conseguindo uma bolsa integral para fazer faculdade no Havaí. Porém, sofri um acidente, quando uma linha de pipa com cerol cortou meu punho. Infelizmente, depois disso eu perdi parte da sensibilidade da mão direita, o que atrapalhou muito no tênis. Portanto, eu não pude ir no ano seguinte para a universidade.  Comecei, então, a dar aulas de tênis e foi muito bom ter feito isso por um período.  Eu tinha vários alunos e estava indo muito bem. Só que tive mais um problema. A quadra em que eu dava aula foi destruída em 2010 por causa de fortes chuvas que abalaram o estado naquele ano, então foi uma fase difícil. Mas, o beach tennis foi entrando cada vez mais na minha vida e tudo melhorou. Com o novo esporte conquistei títulos importantes, novos alunos, várias viagens e consegui ter uma vida mais saudável e feliz.

No Sul-Americano deste ano, Flavia foi medalha de ouro nas D. Mistas com V. Font e na D. Feminina com L. Melo

E o fato de você ter jogado tênis te ajudou bastante no beach tennis?
Acho que para jogar beach tennis, o tênis ajuda bastante na parte de concentração e estratégia de jogo, quem não veio do tênis tem mais dificuldade nesses aspectos, normalmente. E, é claro, que também quem jogou tênis tem mais facilidade para executar os golpes.

O que você mais gosta no beach tennis?
O beach tennis está me proporcionando maior qualidade de vida, consigo conciliar as aulas, viagens para os torneios, conheço vários países, outras culturas. No tênis é mais difícil, você precisa se dedicar muito mais e não sobra tempo para fazer outras coisas. Também gosto muito do clima descontraído dos torneios de beach tennis, o fato de jogar com música e a amizade que acabo fazendo no circuito são coisas que realmente tornam a vida mais alegre e prazerosa.

Mas, falando sobre os torneios de beach tennis, qual foi sua vitória mais emocionante?
Acho que foi quando ganhei Aruba no ano passado. Joguei com a Giulia Curzi (14ª do mundo), ninguém esperava que eu fosse ganhar, foi muito difícil. Também me marcou muito quando venci o título nas Ilhas Reunião e na Califórnia em 2012, em que mais uma vez, surpreendi a todos.

Agora, fale um pouco sobre seu estilo de jogo.
Até Aruba do ano passado, eu era mais agressiva, mas a partir daí meu jogo mudou, tive que aprender a me defender melhor também... Então agora acho que sou uma jogadora mais completa, sou sólida e a defesa é meu ponto forte.

Qual o seu maior objetivo no beach tennis?
Quero muito ganhar em Aruba mais uma vez (já venceu em 2010 e 2013) e ser número 1 do mundo, acho que se eu continuar jogando bem e com o apoio que tenho, nada é impossível. Também, é claro, quero que o beach tennis se torne um esporte olímpico. Talvez quando isso acontecer, eu não esteja mais competindo, mas vou ficar com orgulho de ter feito parte desta história.


Flavia, muito obrigada! Boa sorte em Aruba!
Eu que agradeço!! 


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