Flavia Muniz/ Foto: Angelica Goudinho |
Conheça a emocionante história de superação desta beachtenista brasileira, top 5 do mundo.
Com mais de 15
títulos internacionais de beach tennis, a carioca Flavia Muniz, de 36 anos,
atualmente é a 5ª melhor jogadora do mundo da modalidade e 2ª do Brasil. Ela
começou a jogar em 2008, quando o esporte chegou ao Rio de Janeiro e foi
apresentado para alguns tenistas por Adão Chagas e Leopoldo Correa.
E Flavia jogava muito bem tênis. Tão bem que em 1997
conseguiu uma bolsa de estudos para fazer uma universidade nos Estados Unidos.
Mas, infelizmente, um acidente fez com que ela perdesse esta grande
oportunidade. Porém, esta não foi a única adversidade que Flavia precisou
superar. Ela ainda teve a quadra em que dava aulas de tênis destruída, com as
fortes chuvas de 2010, que abalaram o Rio de Janeiro.
Mas, assim como é conhecida por sua garra em quadra, Flavia
não se deixou abalar e deu a volta por cima. Nesta época, começou a dar aulas
de beach tennis e a jogar cada vez melhor.
E para comprovar a boa fase, em 2013, foi a quarta melhor beachtenista do mundo, a melhor
marca de sua carreira. Neste mesmo ano também venceu o tradicional torneio de Aruba
pela segunda vez (a primeira foi em 2010, com Paula Cortez). E Flavia não parou
mais. Atualmente, dedica todo o seu tempo a esta nova modalidade, com os
treinos no Point do Ipanema 500 e ministrando aulas no Posto 12, no Leblon.
Confira em detalhes na entrevista abaixo sua fantástica história
de superação e sua vitoriosa trajetória no beach tennis. Além disso, Flavia
ainda fala sobre o torneio de Aruba, que acontece entre os dias 21 a 23 de novembro,
na paradisíaca ilha caribenha, em que joga ao lado da compatriota, Joana
Cortez, top 4 do mundo.
Como está sua preparação
para Aruba?
Estou treinando bastante, mas continuo dando aulas. Mesmo ficando
um pouco cansada, estou muito focada este ano para ganhar e quero ir muito bem
neste torneio. Lá vou jogar as categorias de Simples, Duplas Mistas com
Vinícius Chaparro, Copa das Nações e Duplas, ao lado de Joana Cortez. Essa é a
primeira vez que jogamos um torneio da ITF juntas, ganhamos o Pan-Americano
este ano, então acredito que faremos uma boa parceria.
Joana Cortez e Flavia Muniz durante o Pan-Americano deste ano |
Como funciona sua
rotina de treinamentos?
Eu treino três vezes por semana de manhã na quadra, faço
pilates uma vez por semana e quatro vezes, corrida. Meu treinador é o Hugo
Prazeres, tenho patrocínio da Ipanema 500, Rakkettone e apoio da Mettaphysio.
Você tem alguma
parceria fixa?
Por enquanto não tenho parceira fixa. Tenho jogado alguns
torneios com a Julia Florito (42ª da ITF), que é a jogadora que estou formando
no Brasil, inclusive até ganhamos o torneio ITF G2 de Guarulhos, em outubro
deste ano. Mas, costumo variar as parceiras, ainda não tenho nada acertado em
relação a uma parceria mais fixa.
O que você acha das
premiações dos torneios profissionais da ITF de beach tennis?
Acho que precisam aumentar, normalmente um campeão de um ITF
G1 ganha US$ 750 num torneio que distribui US$ 10 mil em prêmios. Mas, em
Aruba, já está aumentando. O ano passado o torneio foi de US$ 20 mil, mas este
ano será de US$ 30 mil, então o campeão levará pra casa cerca de US$ 2250.
Você foi jogadora de
tênis. E você teve uma história de superação nessa fase. Conta pra gente como
foi.
Desde quando eu tinha 6 anos de idade, o tênis sempre foi a
minha vida. Eu joguei até 1997, quando fui para os EUA treinar e acabei
conseguindo uma bolsa integral para fazer faculdade no Havaí. Porém, sofri um
acidente, quando uma linha de pipa com cerol cortou meu punho. Infelizmente, depois
disso eu perdi parte da sensibilidade da mão direita, o que atrapalhou muito no
tênis. Portanto, eu não pude ir no ano seguinte para a universidade. Comecei, então, a dar aulas de tênis e foi
muito bom ter feito isso por um período. Eu tinha vários alunos e estava indo muito
bem. Só que tive mais um problema. A quadra em que eu dava aula foi destruída
em 2010 por causa de fortes chuvas que abalaram o estado naquele ano, então foi
uma fase difícil. Mas, o beach tennis foi entrando cada vez mais na minha vida
e tudo melhorou. Com o novo esporte conquistei títulos importantes, novos
alunos, várias viagens e consegui ter uma vida mais saudável e feliz.
No Sul-Americano deste ano, Flavia foi medalha de ouro nas D. Mistas com V. Font e na D. Feminina com L. Melo |
E o fato de você ter
jogado tênis te ajudou bastante no beach tennis?
Acho que para jogar beach tennis, o tênis ajuda bastante na
parte de concentração e estratégia de jogo, quem não veio do tênis tem mais
dificuldade nesses aspectos, normalmente. E, é claro, que também quem jogou
tênis tem mais facilidade para executar os golpes.
O que você mais gosta
no beach tennis?
O beach tennis está me proporcionando maior qualidade de
vida, consigo conciliar as aulas, viagens para os torneios, conheço vários
países, outras culturas. No tênis é mais difícil, você precisa se dedicar muito
mais e não sobra tempo para fazer outras coisas. Também gosto muito do clima
descontraído dos torneios de beach tennis, o fato de jogar com música e a
amizade que acabo fazendo no circuito são coisas que realmente tornam a vida
mais alegre e prazerosa.
Mas, falando sobre
os torneios de beach tennis, qual foi sua vitória mais emocionante?
Acho que foi quando ganhei Aruba no ano passado. Joguei com
a Giulia Curzi (14ª do mundo), ninguém esperava que eu fosse ganhar, foi muito
difícil. Também me marcou muito quando venci o título nas Ilhas Reunião e na
Califórnia em 2012, em que mais uma vez, surpreendi a todos.
Agora, fale um pouco
sobre seu estilo de jogo.
Até Aruba do ano passado, eu era mais agressiva, mas a
partir daí meu jogo mudou, tive que aprender a me defender melhor também...
Então agora acho que sou uma jogadora mais completa, sou sólida e a defesa é
meu ponto forte.
Qual o seu maior
objetivo no beach tennis?
Quero muito ganhar em Aruba mais uma vez (já venceu em 2010
e 2013) e ser número 1 do mundo, acho que se eu continuar jogando bem e com o
apoio que tenho, nada é impossível. Também, é claro, quero que o beach tennis
se torne um esporte olímpico. Talvez quando isso acontecer, eu não esteja mais
competindo, mas vou ficar com orgulho de ter feito parte desta história.
Flavia, muito obrigada! Boa sorte em Aruba!
Eu que agradeço!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário