Confira a entrevista com a melhor brasileira no ranking mundial de beach tennis e ex-número 1 do mundo na modalidade.
A carioca de 35 anos Joana Cortez disputou o circuito
profissional de tênis por nove anos, foi número um do Brasil em simples e
duplas, alcançando a 204ª posição no ranking da WTA em simples e a 115ª nas
duplas. Além disso, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de
Winnipeg em 1999 e de Santo Domingo (2003) e medalha de bronze no Pan do Rio, em 2007.
Depois dessa carreira de sucesso do tênis, Joana resolveu
continuar como atleta, mas em outro esporte, no beach tennis. Começou em
2008 nas areias das belas praias do Rio de Janeiro e não parou mais. Atualmente
ela ocupa a 4ª posição do ranking da ITF, mas já chegou a liderar o ranking
mundial desta modalidade por um ano, ao lado da paulista Samantha Barijan. Elas
foram as primeiras jogadoras sem ter nacionalidade italiana a ocuparem o topo
do ranking mundial.
Confira abaixo como foi a trajetória desta incrível
jogadora, numa interessante entrevista realizada em Santos no final de setembro,
quando Joana foi campeã do ITF G1 com a alemã Maraike Bigmaier e Bicampeã
Pan-Americana ao lado de Flavia Muniz.
Joana e Flavia Muniz/ Foto: Beach Mag |
1- Joana, conta como você começou
a jogar beach tennis.
Eu comecei em 2008,
incentivada por Adão Chagas e pelo Leopoldo Correa, que trouxeram o beach
tennis para o Brasil. Eles me convidaram para jogar o Mundial de Beach Tennis
em Ravenna, na Itália. Eu treinei apenas um mês para esse mundial e chamei a Marcela
Evangelista para jogar comigo. Ela jogou só uma vez e aceitou o desafio. E ainda ficamos em terceiro lugar! Mas, nessa época eu
ainda era treinadora de tênis e tinha muito compromissos com o tênis, mas aos
poucos fui me envolvendo mais com o
beach tennis e ele foi ganhando espaço na minha vida.
2- Quando você começou a jogar
com a Samantha Barijan?
Em 2009 conheci a Samantha e
começamos a trabalhar com projetos de beach tennis e tênis no Rio de Janeiro. Nessa
época começamos a jogar beach tennis juntas e fechamos uma parceria com a italiana Simona Bonadonna
para termos mais conhecimento sobre o esporte, porque a Simona é considerada
uma das melhores jogadoras de beach tennis de todos os tempos e trabalha numa
grande academia na Itália. Nós fomos para lá aprender mais com ela e usamos a
mesma metodologia de trabalho que é usada por lá nas nossas aulas aqui no
Brasil. No começo eu e a Samantha treinávamos jogando simples e depois criamos
uma equipe para treinarmos juntas com outras pessoas também, a C2BTennis.
3- E quanto tempo vocês jogaram
juntas?
Fizemos uma parceria de 2009 a
agosto deste ano. Durante um ano, de setembro de 2013 a setembro de 2014, eu e
a Samantha ocupamos o topo do ranking mundial.
4- E agora você tem parceira
fixa?
Eu ainda estou vendo com quem
vou fazer parceria, mas por enquanto estou mudando as parceiras em alguns eventos
para ver como as coisas vão acontecendo. Acabei de ganhar o torneio G1 de
Santos com a Maraike Bigmaier, ela é muito rápida, gostei muito de jogar com ela,
quem sabe jogaremos juntas no futuro.
5- Você esperava todo esse
sucesso que está alcançando no beach tennis?
Eu não esperava tanto sucesso
assim, via um potencial no esporte, mas eu não esperava que eu fosse chegar a ser número 1 do mundo e que fosse virar essa febre que está no Brasil. Acho que a
entrada da ITF foi muito importante, fez crescer o esporte, expandindo muito
rápido. Mas, acho que ainda falta ser um pouco mais organizado.
6- Agora fala um pouco da C2BTennis. Além de você, quem mais faz parte dessa equipe? E quais são os points?
Fazem parte da equipe a Samantha
Barijan (5ª da ITF), Lorena Melo (15ª), Luciana Fernandes (29ª), Paula Cortez
(31ª) e uma francesa, a Magali Garnier (18ª). Treinamos diariamente e fazemos
um preparo físico especializado, que é muito importante para nosso desempenho
nos torneios. Nossos points são no Recreio, Barra (2), Ipanema, Leblon, Ilha do Governador
e no Clube Caiçaras. Nesses lugares acontecem aulas, treinos e também fazemos
alguns eventos.
Samantha, Lorena, Joana e Luciana - equipe C2BTennis/ Foto: BT Mag |
7- Em que aspectos o tênis
profissional te ajudou no beach tennis?
Pensando um pouco, logicamente que quem foi
tenista acaba pegando o esporte mais rápido na parte técnica, mas acho que pra
mim o grande diferencial de eu ter jogado tênis profissional é uma facilidade
para lidar com os momentos de pressão. No beach tennis só tem um saque, tem
no-ad (os games não tem vantagem), então acho que acabo jogando bem nos
momentos de pressão pela experiência que tive no tênis. E isso ajuda muito.
8- Como foi a experiência de
fazer jogos de exibição de beach tennis em Roland Garros, em Paris, este ano?
Realmente foi demais, pela
primeira vez na história do torneio houve uma exibição de beach tennis. Foram
jogos entre as equipes de três países, Brasil, Itália e França. Representaram o
Brasil: Vini Font (número 3 do mundo), Guilherme Prata (16º), eu e a Samantha.
Foi muito legal, ficamos muito felizes de jogar em Paris, num dos torneios mais
importantes do tênis internacional. Foi ótimo para promover o beach tennis e, é
claro, aproveitamos para assistir alguns jogos de tênis. Espero que apareçam
mais oportunidades como essa para a divulgação do beach tennis.
9- Como você acha que um jogador
de tênis competitivo pode se beneficiar com o beach tennis?
Acho que ajuda bastante na
parte física porque vai ter que jogar na areia, trabalhando muito os membros
inferiores. Uma coisa boa é que não vai atrapalhar o tenista no sentido de
poder causar alguma lesão, porque não vai causar. Não é como jogar futebol, por
exemplo, que o jogador pode se machucar, sabe? E outra coisa, ajuda muito na
parte mental, o beach tennis é divertido e descontraído, então o tenista relaxa
um pouco, porque o circuito profissional de tênis é muito duro e desgastante.
10- Você consegue viver só dos
torneios de beach tennis?
Não dá para viver só dos
torneios. Para você ter uma ideia, o torneio G1 da ITF, um dos que mais premia,
distribui 5 mil dólares para o feminino e mais 5 mil para o masculino, sendo que
o campeão leva 750 dólares... Tenho alguns patrocinadores, entre eles o Rei do
Mate que me ajuda financeiramente e pode ser que eu tenha alguma ajuda no bolsa
atleta, mas acredito que precisa ter um envolvimento político maior no esporte.
Então também dou aulas para me manter quando não estou disputando torneios.
11- E como você faz para conciliar
tudo?
Hoje consigo conciliar os
treinos, as aulas e os torneios, porque para o ranking mundial da ITF de beach
tennis só valem os seis melhores resultados que você tem no ano. Não é como no
tênis, que você precisa defender os pontos de cada torneio no ano seguinte e
precisa jogar bem o ano inteiro. Acho que quando isso mudar, o circuito vai
ficar ainda mais difícil e competitivo e acredito que terei que viajar mais.
12- Qual o seu maior objetivo com
o beach tennis?
Quero muito que o esporte se
torne olímpico. É bem legal de assistir os jogos, num ambiente muito parecido
com o vôlei de praia, então acho que seria um grande sucesso nas Olimpíadas.
Também quero trazer mais crianças para o esporte e voltar a ser número um do
mundo em breve, lógico (risos)...
13- Qual a mensagem que você
deixaria para quem quer começar a jogar?
Gostaria de convidar as
pessoas a experimentar esse esporte. Tem muita gente que leva uma vida
sedentária e o beach tennis pode ser a chave para uma vida mais ativa. Então,
venha se divertir e praticar uma atividade esportiva jogando beach tennis!
Joana/ Foto: BT Mag |
2 comentários:
Parabens de toda a equipe da associação de beach tennis joaca.
Florianopolis
Obrigada! Bjs
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